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EDEGAR SOARES
( BRASIL - SANTA CATARINA )
Balneário Camboriú - SC
ANTOLOGIA DELICATTA VIII : poesia, contos. O rganização Luiza Moreira. São Paulo: Editora Delicatta, 2013. 154 p. ISBN 978-85-64167-S83-4 Ex. gentilmente enviado por Zen-monk HAKUSAN K.白山高元師
ORAÇÃO DO POETA
Cada palavra do verso
seja no ato a poesia
em cada ação que recria
a frase deste universo
que seja eterna, eu vos peço
como é eterna a canção
que sopra do coração
a melodia sonora
amanhecendo a aurora
noutra sublime oração.
E que seja verdadeira
na opção a seguir
que possa contribuir
tal qual a vossa maneira
sendo pra vida inteira
por banhados de encantos
se espalhando em todo o canto
a bela luz da verdade
mas sendo em felicidade
a anestesia do pranto.
Em cada dia que passe
seja sempre renovada
aprendendo em cada errada
sem expor à toa a face
se outro verso renasce
que venha abrindo fronteiras
feito velhas brincadeiras
pegando de mão em mão
e construindo a nação
sem guerrear por bandeiras.
Se acaso houver de lutar
seja a palavra o estandarte
fincada por toda parte
buscando pluralizar
pra logo se irmanar
na trajetória da vida
com a pena estendida
cada verso encontre a fala
ao poeta que não cala
pela oração proferida.
QUERO MORRER NO MEU PAGO
Eu quero morrer no meu pago
lá, na curva do rio
ausente vazio
de tanta saudade
meu corpo inerte
na sombra da palma
sem ódio, se alma
ou infelicidade.
Eu quero morrer no meu pago
no meio das flores
ausente das dores
distante daqui
no meu sul que é grande
no chão daquela terra
lá, na curva da serra
onde sempre vivi.
Eu quero morrer no meu pago
e morrerei de saudade
enterrem este corpo
que na vida foi louco
por pedir, liberdade!
liberdade! liberdade! liberdade!
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VENZON, Altayr; MONCKS, Joaquim; RODRIGUES, Darcila (organizadores). Antologia da Casa do Poeta Rio-Grandense Coletânea Literária. Porto Alegre/RS: Antonio Soares /Edições Caravela, 2025. 216 p. ISBN 978-85-8375-027-7
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo Brito (livreiro) em 2024.
Contrabando de Culturas
Contrabandeando culturas
esbarro os versos no esteio
apeando neste rodeio
pela emoção que me inflama
por minha sina trabuzana
de gaudério proseador
venho tapado de amor
da minha terra, Uruguaiana.
Me larguei do Rio Grande
para Balneário Camboriú
com estampa de índio cru
carrego avios de mate
e a canha como arremate
que faz a mente pensar
e os versos pra galopar
por ser amante da arte.
Do meu jeito bagualão
relincho em meio da gente
abro o peito sorridente
nesta obra cultural
tá pacholento o bagual
nos braços desta irmandade
nos varais da identidade
com versos no payonal.
Fiz miles de contrando
do Brasil par a Argentina
arrastando muitas chinas
para o meu catre de luxo
e pela memória puxo
outras tantas gauchadas
pelos bretes e canhadas
declamava este gaúcho.
Do Rio Grande até aqui,
contrabandeio culturas
na bagualísma escritura
que carrego no andar
a legenda do cantar
seja cerno de pau ferro
na poesia que enterro
neste sagrado altar.
Desejo que o contrabando
dos meus versos macanudos
sejam temperos de estudos
para a querência e nação
irmanando esta fusão
para qualquer índio vago
que no peito traz plantado
a xucrísma tradição!
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Foto: Wikipedia
Um Canto para Balneário Camboriú
(Obra mais executada do 5º. Festival da Canção, julho de 2015)
Balneário Camboriú
de pronto estes bagual
saúda teu universo
pelo caminho dos versos
eu abraço os senhores
respeitando seus valores
moradores e turistas
é o povo que tu conquistas
que te exalta em amores.
É uma vertente de história
que vibra em teus pergaminhos
rastreando em tantos caminhos
com a tua evolução
pela luz e imensidão
que pelo tempo vigora
és vibrante a cada hora
por tua forte pulsação.
Balneário Camboriú
do nosso Atlântico Sul
com teu clima tropical
lindo mar verde em azul.
Balneário Camboriú,
a gente percebe o sinal
dos olhos que te eternizam
nesta terra fraternal.
Pelos braços do turismo
faz teus princípios e ritos
aos retratos mais bonitos
de tuas formosas paisagens
prédios, praias na miragem
te encantam terra bendita
carisma e gente bonita
embelezam tua imagem.
Silêncio nos Mates
Aquerenciado silêncio
na liturgia das horas
quando busco na memória
todo o meu viver pagão
e, unindo as duas mãos
ao porongo que palmeio
neste momento creio
sorvo na bomba o rincão.
Neste silêncio dos mates
o pensamento vagueia
de pronto cabresteia
naqueles tempos de antanho
onde cantava o estanho
de garruchas atrevidas
e dagas enfurecidas
pintadas de sangue estranho.
Num paleteio inclemente
se foram dias e anos
e a altivez dos pampianos
batizaram minha crença
pra defender minha essência
atei o lenço, me municiei
e aquerenciado peleei
pra defender a querência.
Me tacharam maragato
por usar lenço vermelho
que para mim é um espelho
herdado do velho Pai
que disse: — filho o sangue vai
fortalecer este trapo
se fores homem de fato
a tua altivez não cai.
A guerra assim seguia
cada qual com seu ideal
e as ordens do general
eram seguidas a riscas
pois o campo se conquista
derramando suor e sangue
pra defender o Rio Grande
o galo tem que ter crista.
Passaram-se muitos meses
e os homens foram mermando
e os que tombaram peleando
nunca foram encontrados
só no dia de finados
as famílias lembrarão
daqueles pobres cristãos
que deixaram deus legados.
Ser Poeta
Ser Poeta é ninar uma estrela
é subir devagar no calvário
ser poeta é sofrer algemado
é rezar um custoso rosário.
Ser poeta é levar desaforo
é ser bobo do rei com certeza
ser poeta é dormir numa esteira
é comer sem saber da despesa.
Se poeta é ter fé em si mesmo
é dançar a ciranda dos deuses.
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Página publicada em janeiro de 2025
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Página publicada em setembro de 2023
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